“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.” (Miguel de Cervantes)A ABMES aniversaria hoje. Faz trinta e quatro anos. Criada em 1982, cresceu, desenvolveu-se, criou raízes, legitimou-se como órgão de representação da educação superior. Sua ação ao longo de décadas mostrou ao setor particular e à sociedade seu papel de vanguarda na defesa do ensino livre e democrático como prega a Constituição de 1988, além da pluralidade defendida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996. Sua criação representa o desejo de união, da conjugação de princípios e valores para que o segmento particular, tão discriminado à época, pudesse conquistar o espaço que lhe é devido legalmente. Mas, principalmente, mostra sua legitimidade social e institucional mediante um trabalho que se desenvolve ininterruptamente desde sua instituição. De lá para cá, a ABMES sempre cresceu, na medida em que mostrava serviço, relacionando-se como canal de interlocução com o poder constituído e apresentando trabalhos aos associados, mediante um conjunto de atividades e ações institucionalizadas. Trouxe propostas inovadoras que surgiram para facilitar o funcionamento do segmento, frente a um estado regulador, fiscalizador e principalmente controlador, que, ao longo do tempo, aumentou seu poder, fato que culminou com a Lei nº 10.861, de 2004, que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e instituiu a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), e com o Decreto nº 5.574, de 2006, que foi o condutor da Portaria nº 40, de 2006, que normatizou e oficializou a sistemática eletrônica de controles de processos, tendo em vista o crescimento do sistema. A ABMES pretende não ser apenas organismo de representação das instituições particulares, mas órgão de união de todas as diferentes categorias institucionais do ensino superior, como é o caso da Anup – Associação Nacional das Universidades Particulares, da Anaceu – Associação Nacional dos Centros Universitários e da Abrafi – Associação Brasileira das Faculdades Isoladas de ensino superior. Todas representadas na ABMES. São 34 anos de atividades ininterruptas que mostram sua vocação por meio da crescente oferta de serviços e confirmam seu papel cada vez mais preponderante e relevante junto ao poder constituído, além de seu reconhecimento como entidade de representação e interlocução. Estudos, seminários, pesquisas, publicações, treinamentos, encontros, atendimentos presencial e online e muitos outros trabalhos fazem parte do cotidiano da ABMES. Podemos nos orgulhar e dizer que é uma instituição antenada com as novas tecnologias, com um sistema de informações bem estruturado pelo se site www.abmes.org.br e seu blog ABMESeduca, além da ABMES TV que leva aos recantos do país, todos os meses, seminários, encontros com renomados conferencistas e autoridades do setor. Inúmeras atividades foram realizadas ao longo dessas décadas, com passagem pela presidência de Candido Mendes, Edson Franco, Gabriel Mario Rodrigues e, agora, com Janguiê Diniz. Sem esquecer-se de registrar o trabalho devotado nestes anos todos por sua equipe de funcionários representados brilhantemente pela Profª Cecília Eugenia Rocha Horta. Todos irmanados com o mesmo espírito de bem representar o segmento particular para seu desenvolvimento participativo e colaborativo como parceiro do poder público, zelando para que seus direitos sejam respeitados. O que será da ABMES daqui dez, quinze, vinte anos? Essa visão de futuro precisamos ter sempre em mente, porque a realidade do ensino, da aprendizagem, da tecnologia, das empresas, do mundo do trabalho, das pessoas, dos estudantes, do meio ambiente e da humanidade, tenho certeza não será a mesma. Haverá quebra das barreiras da língua, que permitirá o acesso universal via internet, a constatação da inutilidade dos prédios universitários, o aperfeiçoamento dos aplicativos da internet, o papel dos smartphones e a necessidade do aprendizado para novas realidades profissionais. Os novos processos de aprendizagem romperão, logicamente, com os sistemas existentes e a desregulamentação das regras vigentes será inevitável. Hoje temos um sistema e certamente amanhã teremos outro. Precisamos apoiar todas as iniciativas que visam fortalecer a educação básica e termos presente o modo como o ensino técnico cresce em outros países enquanto o universitário diminui. Tudo isso deve ser uma preocupação nossa. A ABMES continuará com sua missão e persistirá como entidade que atua na defesa do setor particular de ensino. E, para isto, precisará preparar-se para enfrentar os novos tempos. O futuro da ABMES deverá ser de uma instituição estruturada para as novas realidades, como um dos organismos responsáveis pela formação de recursos humanos direcionados ao desenvolvimento do país. Certamente com novas responsabilidades e com código de ética próprio utilizado por ela e seus associados. Será uma entidade que deverá concentrar, por sinergia, suas mantidas, independentemente da organização e prerrogativas acadêmicas: faculdades, centros universitários, universidades, faculdades isoladas ou institutos, com suas divisões, departamentos ou superintendências, desse modo passando a investir mais em pesquisas, criatividade, inovação e desenvolvimento. Serão ao longo do tempo construídas as condições para que a ABMES tenha legitimidade e seja reconhecida e validada por todos os integrantes do setor, tornando-se, dessa forma, cada vez mais fortalecida e representativa. É preciso somar esforços e assim conferir maior poder de atuação. Creio que iremos mais longe criando e institucionalizando a ABMES como única representante do segmento particular, mediante regulamentação junto ao Congresso Nacional, com a participação de todos os mantenedores, como acontece hoje com outros órgãos de classe, e, por consequência, suas mantidas. E o mais importante para o futuro: seremos nossos próprios avaliadores e credenciadores, antes mesmo do estado, que hoje exerce o poder regulador. Outro papel fundamental da ABMES será o de valorizar as PMIES – Pequenas e Médias Instituições de Ensino Superior, de forma que todas possam ter um grau maior de autonomia, proporcional a seus méritos e a seu enquadramento avaliativo próprio. O espaço a ser ocupado pela ABMES no futuro de nossos sonhos é de participação, união e meritocracia. Deve zelar pela qualidade do que o setor oferece para a sociedade, divulgando, programando e oferecendo serviços, além de ampliar a parceira com o governo. Mas, sobretudo, deverá ser uma entidade independe com atuação proporcional a sua credibilidade e a de seus trabalhos. A ABMES deverá consolidar-se, nos próximos anos, por meio de uma gestão cada vez mais participativa, por meio do crescente apoio de seus associados. Uma diretoria não consegue produzir nada sozinha. Sua marca deve ser a coerência, a ética, a inovação, a produtividade e a qualidade. Além disso, deve seguir consolidando-se como referência para seus associados, para o governo, para a imprensa e para a sociedade de modo geral. Mostra tua cara, ABMES, é isso o que queremos! E é por meio da ABMES que poderemos avaliar o que o setor particular de ensino superior está prestando de serviços à comunidade, colaborando na construção de uma sociedade mais justa e solidária e, principalmente, tendo o ser humano como centro de todo o processo. Nessa celebração, “sonhar é preciso”, pois a ABMES nasceu de um sonho de educadores. É uma utopia? Pode ser. Porém, quando todos pensam juntos, utopias podem acontecer e se tornar realidade para o bem comum.